ATA DA
TRIGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA
LEGISLATURA, EM 02.05.1988.
Aos dois dias
do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Trigésima Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt,
Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa,
Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa,
Getúlio Brizolla, Ignácio Neis, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jacques Machado,
Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nilton
Comin, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa,
Teresinha Irigaray e Marcinho Medeiros. Constatada a existência de “quorum”, o
Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Flávio Coulon
que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário
procedeu à leitura das Atas da Vigésima Nona Sessão Ordinária, da Décima
Terceira e da Décima Quarta Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA foram
encaminhados: pelo Ver. Cleom Guatimozim, 01 Projeto de Lei do Legislativo n°
40/88 (proc. 786/88), que dá nova redação ao artigo 2° da Lei 1651, de 9 de
outubro de 1956, e dá outras providências; pelo Ver. Hermes Dutra, 02 Pedidos
de Informações; a respeito da obra que está sendo concluída na Central de
Entulhos do DMLU, na Av. Edvaldo Paiva; sobre as placas que inundam a cidade,
anunciando obras do Executivo em andamento ou a iniciar, qual o custo unitário,
quem fornece e/ou confecciona as placas, quais as empresas que participam da
licitação; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 02 Pedidos de Providências, solicitando
reposição de lâmpada na Rua José Antônio Aranha, esquina Higienópolis, retirada
de 03 (três) casebres construídos sobre a calçada na Travessa Cel. Antônio Carneiro
Pinto, entre as Ruas Carazinho e Nilópolis, pelo Ver. Jaques Machado, 01
Projeto de Lei do Legislativo n° 32/88 (proc. n° 712/88), que denomina Rua
Francisco da Silva Brilhante um logradouro público; 01 uma Indicação, sugerindo
ao Senhor Governador do Estado a instalação de um telefone público, tipo
orelhão, na Lancheria Imperio da Zona Norte, localizada na Avenida Farrapos,
esquina Sertório; 07 Pedidos de Providências, solicitando troca de lâmpadas
queimadas nas Ruas Moura Azevedo, defronte ao n° 610, Rua Alceu Vamosi,
defronte aos nos 111 e 131, Rua Guido Mondim, defronte ao n° 873 e
na Rua Heinzelmann, próximo ao n° 372, defronte ao Colégio Carlos Barbosa,
eliminação do lixo acumulado na Rua Independência, defronte ao n° 473, conserto
no calçamento do Ed. Capisani na Ruela 3 n° 649, próximo à Av. Brasiliano de
Moraes e na Ruela 3, próximo à Avenida Brasiliano de Moraes; pelo Ver. Jorge
Goularte, 01 Projeto de Lei do Legislativo n° 39/88 (proc. n° 781/88), que
denomina Rua Breno Martins um logradouro público; pela Verª Jussara Cony, 01
Pedido de Providências, solicitando que seja providenciado, pela SMOV, o
asfaltamento da Av. Cruzeiro do Sul; pelo Ver. Lauro Hagemann, 03 Pedidos de
Providências, solicitando canalização do esgoto na altura do número 731, na Rua
Borborema, Vila Condor, colocação de duas tampas para bocas-de-lobo: uma na
altura do n° 747 e a outra em frente ao n° 204, ambas na Rua Condor e
calçamento da Rua Primeiro de Setembro, no Morro São José. Do EXPEDIENTE
constaram Ofícios nos 186/88, do Sr. Prefeito Municipal; 01/88, da
Comissão Especial constituída para examinar o Projeto de Lei Complementar do
Executivo n° 15/87. Em GRANDE EXPEDIENTE o Ver. Antonio Hohlfeldt criticou o
atraso do envio do Relatório anual de mil novecentos e oitenta e sete da
Prefeitura Municipal a este Legislativo. Discorreu sobre relatório comparativo
efetuado por sua assessoria, com dados baseados em números oficiais dos
anuários estatísticos publicados pela Prefeitura Municipal, da gestão do PDT
com os governos anteriores, nas áreas de educação e cultura, recreação pública,
transporte, obras e viação pública, dizendo que o Governo Alceu Collares ficou
muito aqüem da média das obras realizadas pelos governos anteriores nessas
áreas e analisando o assunto. E o Ver. Pedro Ruas registrou o transcurso,
ontem, do Dia Mundial do Trabalho, comentando estudos do DIESE, divulgados pela
imprensa, em que é constatado que o salário mínimo atualmente vigente no País é
o mais baixo do mundo e da história brasileira. Salientando a importância da
divulgação dessas estatísticas, disse que não há qualquer possibilidade de
justificativa para a situação miserável em que se encontra a nossa população e
atentou para a necessidade de medidas urgentes do Governo Federal para que seja
viabilizada uma melhoria de vida aos trabalhadores. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Ver. Antonio Hohlfeldt falou da convocação, pela AMPA, de ato público a ser
realizado amanhã, em protesto contra o arrocho salarial sofrido pela categoria
dos funcionários públicos municipais. Declarou que o aumento das despesas com
servidores no Município não é decorrente de aumentos salariais mas, isso sim,
de uma política empreguista adotada pelo PDT. Registrou a filiação, nos quadros
do PT, do Sr. Paulo Cruz, Presidente da AMPA. A seguir, constatada a existência
de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foram
aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nos 137/85; 02; 12;
22/88, encaminhado à votação pelo Ver. Hermes Dutra. Ainda, foram aprovados os
seguintes Requerimentos, solicitando dispensas de distribuições em avulsos e
interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data:
do Ver. Frederico Barbosa, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo n°
137/85; do Ver. Hermes Dutra, em relação aos Projetos de Lei do Legislativo nos
12; 22/88; da Verª Teresinha Irigaray, em relação ao Projeto de Lei do
Legislativo n° 02/88. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do
Ver. Aranha Filho, de Votos de Congratulações com Paulo José da Rocha, por sua
posse como Juiz da Justiça do Trabalho, RS; com Loris Isatto, por sua eleição
para Presidente da Confederação das Organizações Turísticas da América Latina
(COTAL); com as Empresas Volvo S/A e FIERGS de Cachoeirinha, pela realização do
I Simpósio Regional Volvo de Segurança nas Estradas; com a Cerâmica Decorit
S/A, pela inauguração de nova unidade com tecnologia de última geração; com o
Rotary Clube Independência, pela passagem de seu aniversário; de Votos de Pesar
pelos falecimentos de Joaquim Carlos de Moraes; da Viúva Chang Chu Yuk Yue; do
Ver. Artur Zanella, de Votos de Congratulações com o Dr. Paulo César Sampaio de
Oliveira, por sua posse como Presidente do Trensurb; com a Diretoria da Galeria
de Artes Sidnei Alencastro Guimarães e do Escritório de Arte Alto da Bronze,
pela abertura da Exposição de Arte sobre Papel – no traço dos mestres Gaúchos;
do Ver. Frederico Barbosa, de Votos de Pesar pelos falecimentos de João Albino
Both; de Henrique Muhle; do Ver. Getúlio Brizolla, de Votos de Congratulações
com o Soldado Ildo José Viana; com o Cabo Vercedino dos Santos, por terem
demonstrado alto espírito de cooperação e desprendimento em incidente ocorrido
em 15.04.88, em São Leopoldo; do Ver. Hermes Dutra, de Votos de Congratulações
com o Grupo Escoteiro José Plácido de Castro; com a Associação Rio-Grandense de
Empr. de Obras Públicas, pela passagem de seus aniversários; de Voto de Pesar
pelo falecimento de Sérgio Solodkow; do Ver. Isaac Ainhorn, de Votos de Pesar
pelos falecimentos do Dr. Odalgiro Gomes Correa; de Jayme Bonder; do Ver.
Jaques Machado, de Voto de Pesar pelo falecimento de Oscar Pinto; do Ver. Jorge
Goularte, de Voto de Pesar pelo falecimento de Marco Antonio Brito; do Ver.
Pedro Ruas, de Votos de Congratulações com a Drª. Cléa Anna Maria Carpi da
Rocha; com o Dr. Dilvo Gomes Munhós; com a Drª. Cloé Gomes Rodrigues; com o Dr.
Frederico Dias da Cruz, por suas eleições, respectivamente, para Presidente,
Tesoureiro, Tesoureiro Adjunto e Secretário Geral do Comitê Executivo da Associação
Americana de Juristas, em Porto Alegre; com o Dr. José Felipe Eldur; com o Dr.
Fernando Barcellos de Almeida; com o Dr. Francisco José Moech, por suas
eleições como Vice-Presidentes do Comitê Executivo da Associação Americana de
Juristas, em Porto Alegre; da Verª. Teresinha Irigaray, de Voto de
Congratulações com o Atlético Clube Bento Gonçalves, pela passagem de seu
aniversário. Em COMUNICAÇÕES, a Verª. Bernadete Vidal discorreu sobre o
Congresso da União Latino-Americana de Cegos, realizado em São Paulo,
salientando a disposição encontrada entre os representantes de diversos países
para a luta contra o preconceito e as barreiras enfrentadas pelos cegos em seu
dia a dia dentro da sociedade atual. Congratulou-se com a Presidência da União
Latino-Americana de Cegos, pela realização desse Congresso. Declarou ser a
primeira mulher cega a alcançar um mandato parlamentar, salientando que seu
trabalho nesta Casa destina-se a colaborar com a causa dos deficientes. O Ver.
Artur Zanella disse ter comparecido a inaugurações de obras do Mutirão da Zona
Leste, destacando estar encaminhando Pedidos de Informações ao Executivo
Municipal acerca das obras inauguradas em Porto Alegre de mil novecentos e
setenta e cinco para cá. Comentou obras que foram realizadas durante sua gestão
junto à Prefeitura Municipal. Analisou declarações do Ver. Isaac Ainhorn, de
que S. Exa. processaria a Caixa Econômica Federal pela não-liberação de verbas
ao DEMHAB ou à Prefeitura Municipal. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver.
Jorge Goularte, declarando que há muito defende uma descentralização do poder
administrativo em Porto Alegre, congratulou-se com o Pref. Alceu Collares pela
criação do Centro Administrativo da Vila Restinga. Destacou os aspectos
positivos resultantes da criação de centros administrativos regionais, em face
da agilização e desburocratização que acarretam nas soluções dos problemas
básicos enfrentados pelas comunidades periféricas de Porto Alegre. O Ver. Lauro
Hagemann teceu comentários sobre o transcurso, ontem, do Dia Mundial do
Trabalho, dizendo da pouca participação dos trabalhadores nas comemorações
realizadas no Brasil. Salientou a necessidade de mudança da estrutura
capitalista brasileira, para que possa ser buscado um sistema socialista onde a
justiça social seja algo concreto, contrariamente à violência econômica e
política hoje observada no Brasil. Atentou para a importância da reversão do
quadro de descrédito e desânimo encontrado junto a nossa população. O Ver. Adão
Eliseu discorreu sobre a saúde pública no Estado, salientando as dificuldades
enfrentadas pelos associados do IPE que, apesar de descontarem nove por cento
de seus vencimentos, não recebem atendimento adequado nos hospitais
credenciados por esse Instituto. Solicitou do Governo Estadual medidas que modifiquem
essa situação. E o Ver. Hermes Dutra reportou-se ao pronunciamento de hoje, do
Ver. Adão Eliseu, acerca das dificuldades enfrentadas pelos associados do IPE.
Teceu comentários sobre as comemorações realizadas, ontem, em face do
transcurso do Dia Mundial do Trabalho. Discorreu sobre o Japão, destacando o
alto nível de vida que possuem os trabalhadores daquele País, regido por um
sistema econômico capitalista. Após, por solicitação do Ver. Jorge Goularte,
foi efetuada nova verificação de “quorum”, registrando-se as presenças dos
Vereadores Adão Eliseu, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Hermes Dutra, Jorge
Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz e Raul Casa. Constatada a inexistência de
“quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e cinqüenta
e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de
amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Frederico Barbosa, Rafael Santos e Lauro Hagemann e secretariados pelos
Vereadores Lauro Hagemann, Jorge Goularte e Jussara Cony, os dois últimos como
Secretários “ad hoc”. Do que eu, Lauro Hagemann, 3° Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelo Senhor Presidente e pela Senhora 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Passamos ao
Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Pode-se dizer que até o momento, decorridos dois anos e pouco do
início da administração do Prefeito Alceu Collares, apesar de toda uma máquina
publicitária montada na cidade e fora da cidade, que vai das placas de tamanhos
colossais, são placas maiores dos que as do Governo Federal -, como já
mencionou o Ver. Hermes Dutra – até a compra de espaços incríveis em rádios,
televisão, revistas, jornais, não se fez, na verdade, uma análise cuidadosa do
que é, realmente, a administração do PDT. Até porque significativamente, o
Executivo Municipal tem atrasado, sistematicamente, o envio dos relatórios
anuais a esta Casa, por exemplo, o relatório relativo a 1987 deveria ter
entrado, nesta Casa, até o dia 30 de abril, segundo consta nos registros do
Protocolo da Casa, isso não ocorreu. Extra-oficialmente se sabe que a equipe do
Prefeito Collares, mais especificamente a Secretaria do Planejamento Municipal
segurou a entrega do relatório para poder maquiar um pouquinho os números e não
ficar numa situação tão constrangedora frente às administrações anteriores. Não
obstante isto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa assessoria preparou um
extenso relatório, em que nós fazemos, exclusivamente a partir dos números
oficiais, ou seja, dos números que constam dos anuários estatísticos, que
anualmente são divulgados à opinião pública, uma análise comparativa da gestão
do PDT, ano a ano, com as gestões anteriores, do período 80 a 85, usando-se
números em termos de médias anuais. Vamos trabalhar na área da educação, da
cultura, do esporte e recreação pública, obras e viação, saúde pública, limpeza
urbana, transportes, fomento agropecuário, política industrial, esgotos
pluviais, redes d’água, cloacal, habitação, projetos populares, receita
municipal da centralizada, política de pessoal. Em dezembro de 87, nós já
havíamos feito um trabalho preliminar, e a nossa idéia era abranger os 18 meses
iniciais do governo pedetista, o que não foi possível exatamente porque não se
vinha cumprindo o atendimento dessa regra regimental, que é a entrega dos
relatórios da prestação de contas. Nós nos valemos, então, de um Pedido de
Informações, e os dados que aqui vamos trazer são, portanto, resultados dos
anuários e de um Pedido de Informações, que são sempre mencionados.
Portanto, estamos partindo dos números maquiados – para melhor, espero
eu – e que assim mesmo nos trazem uma conclusão fantástica. Se nós tomarmos as
médias anuais – inclusive no caso de 87 – projetando o primeiro semestre, de
que já se dispõe os números, a Administração Collares não chega a 50% das
realizações do período anterior, sempre considerando média anual. E eu começo
exatamente pela área que, teoricamente, é a menina dos olhos da Administração,
a área da educação. O aparente setor prioritário da Administração pedetista da
Capital, apresenta, entre 86 e 87, resultados extremamente modestos. A
municipalização do ensino de 1° grau, que seria a base do programa “Nenhuma
Criança Sem Escola”, avançou muito pouco, demonstrando que a realidade
contraria a propaganda dos cromos e o tom ufanista das declarações oficiais. Em
1985, a matrícula, na rede municipal, era de 11.034 alunos, de um total de
188.679 alunos matriculados no 1° grau; em 86, sobe para 12.868 alunos, num
total de 193.581; em 87, vai para 13.961, de um total de 194.639 alunos. Isso
significa que na passagem de ano a ano, saímos de 5.8%, que a Prefeitura
respondia, em 85, para 6.6% em 86, e para 7.1% em 87. Um aumento de apenas
3.1%, quando, sabidamente, o crescimento populacional de Porto Alegre, no
mínimo, é de 4%, significa que, evidentemente, apesar desse eventual aumento de
matrículas na rede municipal, hoje temos mais crianças sem escolas do que
quando da posse do Prefeito Alceu Collares. A rede particular tem tido uma
variação de 10 mil crianças matriculadas neste período; a municipal 2 mil e 900
crianças e a estadual diminuiu 6 mil e 900 vagas. O que nós teríamos um aumento
médio de 6 mil crianças, - no período 85–87 -
significando um decréscimo relativo das matrículas.
Por outro lado, diminuiu a ociosidade da rede particular, decorrente de
um lado do Plano Cruzado, da crise da escola pública estadual e com a criação
das 2 mil e 900 vagas nas escolas da Prefeitura o índice de municipalização
avança pouco e nos coloca a grande questão: é possível encararmos com seriedade
o programa municipal “Nenhuma Criança Sem Escola”? Vejamos os dados de
construção de sala de aula: no período de 80/85 a média anual é de 72 salas por
ano; em 86 é de 29 salas de aula; em 87 é de 46 salas; ou seja, sempre menos do
que a média do qüinqüênio anterior.
No governo Collares o ritmo de construção cai praticamente, portanto, a
metade. Collares anunciava uma revolução na área do ensino através da
implantação dos CIEMs – Centros Integrados de Educação Municipal. O programa
não pode ser questionado quanto ao seu mérito que é indiscutível. Escola de
dois turnos, boa alimentação, assistência médica, são necessidades a serem
satisfeitas a uma numerosa população favelada da cidade que atinge, hoje, 300
mil habitantes, no mínimo, com mais de 80 mil crianças na faixa etária de
atendimento do CIEMs. Contudo, o sistema é extremamente caro e para atender a
toda essa clientela potencial de 80 mil crianças nós precisaríamos de 160 CIEMs
com capacidade de 500 crianças para cada um. Agora observem que uma criança no
CIEM custa de 6 a 7 vezes mais caro do que no sistema convencional; só a
manutenção da rede teria um custo anual equivalente a três orçamentos
municipais, ou seja 30 vezes mais a despesa da rede municipal de quando o
Prefeito Collares assumiu. Esses dados nos colocam um problema grave: a solução
proposta é utópica e elitista. Ela transforma de 3 a 4% desta população em
privilegiados em detrimento de 96 ou 97% das demais crianças. A indagação é:
como essas crianças, após a experiência num CIEM, irão se comportar quando
perderem a oportunidade de freqüentá-lo, quando retornarem para uma escola
pública estadual comum ou quando simplesmente tiverem de sair fora da escola. A
preocupação não é nova, pois enquanto se analisou em anos anteriores, inclusive
participava eu de um encontro em São Paulo, o papel da FEBEM, uma das grandes
críticas feitas a ela era exatamente este: a FEBEM em certos momentos dava um
tal tratamento privilegiado a certas crianças ou adolescentes que eles
preferiam abandonar a casa e mudar-se com armas e bagagens para a FEBEM. Só que
quando chegavam aos 15 anos não podiam mais freqüentar a escola da FEBEM e daí,
evidentemente, o salto era mortal e essas crianças adolescentes frustrados e
revoltados saíam do privilégio da FEBEM para a marginalidade social, a mais
radical, a mais absoluta.
Sabe-se que a rede pública e de ensino da Capital tem dezenas de
escolas, especialmente as estaduais em situações precárias apresentando péssimo
estado de conservação, aliás, a interdição das 92 escolas por parte da
Prefeitura mostra-nos, segundo a nossa interpretação que seria mais útil e
proveitoso canalizar as centenas de milhões de cruzados que a Prefeitura hoje
destina a uns poucos CIEMs para a sua reforma plena. Em 1986, no entanto, foi
reformulado o Convênio, na área de educação do Município de Porto Alegre e Estado,
e, a recuperação dessas escolas que deveria ter sido colocada como a primeira
prioridade, não o foi, nem pelo Governo do Estado e nem pelo Governo do
Município. A pergunta é: por que a Prefeitura esperou tanto tempo para fazer a
denúncia? E a minha resposta parcial é de que afinal de contas 1988 é
potencialmente um ano eleitoral e, evidentemente, interessava manipular esse
dado num determinado momento.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu só quero cumprimentar V. Exa. pelo levantamento e
também fazer um rápido comentário: o “Jornal do Brasil”, na semana passada,
também traz uma avaliação do CIEPs no Rio de Janeiro e exatamente levanta a
questão que, até então, não havia sido questionada. Ninguém critica a construção
dos CIEMs, mas, em função de atingir, parece que o percentual é o mesmo, 4%,
enquanto deixa 96% fora do sistema. A grande questão, pessoalmente até me sinto
culpado e me questiono pelo voto que dei quando da troca do Convênio. Se não
tivéssemos trocado o Convênio, o Município de Porto Alegre teria seus alunos
mais beneficiados, porque com os recursos de que dispõe poderia ter construído
mais prédios e entregue para o Estado administrar, sem o conseqüente aumento no
custeio, muito alto realmente. Arrependo-me pelo voto que dei a pedido do Sr.
Prefeito. Ninguém é perfeito, também cometo os meus erros.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Passemos à área da cultura.
O número total dos assistentes das promoções culturais decaiu sensivelmente em
1986, comparativamente à média anual do triênio anterior. No primeiro semestre
de 87, ocorreu uma pequena recuperação, mas, de qualquer maneira, o público
total dos eventos permanece inferior à média do período anteriormente
mencionado. No período 83/85, a média é de 274 mil pessoas por evento. Em 86,
chegamos a 175 mil pessoas atingidas; em 87, 117 mil, no primeiro semestre, o
que, projetado, daria qualquer coisa em torno de 234 mil, de toda maneira menor
que a média anual do período anterior – de 274 mil. No setor de esportes e recreação
pública – este dado creio que será de interesse do Ver. Frederico Barbosa –
também a freqüência total de público nas unidades recreativas do DERP, Divisão
de Esportes e Recreação Pública, sofreu sensivelmente: um decréscimo nos
primeiros 18 meses do Governo pedetista. Em 86, a redução chegou a 40% em
relação à média anual do qüinqüênio anterior. No primeiro semestre de 87, a
redução é ainda pior: projetando-se o público total, a partir dos primeiros 6
meses, verificaremos uma redução superior a 60%, ou seja, no período 81/85 a
média anual foi de 2 milhões e 350 mil pessoas que participaram das atividades
recreativas do DERP. Em 1986, é um milhão e meio. Em 1987, no primeiro
semestre, é de apenas 441 mil. O que, no máximo, chegará, projetando esse número,
a um milhão de pessoas em todo o ano, que é menos da metade da média do
qüinqüênio anterior, ou seja, é de 40% do que se fazia anteriormente.
Se nós tomarmos, portanto, essa área até então nas mãos da SMEC, da
Secretária Neuza Canabarro, a nossa conclusão é de que a política da SMEC, tão
badalada, tão divulgada, com propaganda caríssima - e foi ela, lembremos, a
primeira Secretária que fez questão de por seu nome embaixo de toda propaganda
- mostra um não-desempenho na sua atuação.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, eu queria lembrar
a V.Exa. que houve uma inversão de tempo entre o Ver. Aranha Filho e o Ver.
Artur Zanella, e este cede o tempo a V. Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu quero agradecer ao Ver.
Artur Zanella, eis que havíamos conversado anteriormente.
Nós verificamos, portanto, que o rendimento da SMEC é no mínimo
frustrante, em relação à massa de publicidade e na área de desporto é
absolutamente frustrante.
Mas, passarei para uma outra área importante, até por que brevemente
teremos o Ver. Wilton de Araújo, novamente entre nós, que é o setor de Obras e
Viação. A conservação das vias pavimentadas, também sofreu um decréscimo
significativo no período 86/87. O desempenho do primeiro semestre de 1987 ainda
é pior que a média do ano anterior. Ou seja, o governo Collares piora à medida
em que avança e, eu imagino os números que teremos em 88. A média anual de
conservação de vias pavimentadas em metros quadrados de 82/85 foi em torno 197
mil 903 metros. Em 86 de 177 mil, 827 metros. No primeiro semestre de 87, 77
mil 829. Isso daria, quando muito 154 mil, vamos piorando. Em paralelepípedo,
no período 82/85, trabalhou-se com 25.500m² e baixou para 18.500 em 86 e chegou
a 15.000 em 87. E pedra irregular nós tivemos uma média de 50.000 no período
82/85 que baixou para 31.000 em 86 e caiu para 25.000, a metade de dois anos
anteriores no período de 87.
Temos reduções, portanto de 10, 27 e 37%, gradativamente, à medida em
que avançamos no período, e, se tomamos, inclusive, a projeção dos dados é
pior. No último ano de 87 a redução atinge 51%. A situação, no entanto, piora
se nós tomarmos a conservação das estradas e vias não pavimentadas. Raspagem de
leito, na média de 81, 85 chega a 42.000 m². No caso de 86 vai a 21.300,
praticamente a metade.
Ensaibramento: atinge 380 Km no período de 81/85, baixa para menos da
metade. Vai a 127 Km em 1986.
Tivemos, ainda, um resultado pior na área da iluminação pública. A rede
de iluminação pública em quilômetros atingiu entre 73/85, portanto um período
de doze anos, uma média de 72 Km e meio por ano. Cai para 27 Km e meio em 86 e
projetando-se 87, no primeiro semestre 9 Km e meio, chegaria no máximo a 20 Km
em 87.
Substituição de lâmpadas da rede; 21 mil e 900 no período de 73/85 a
cada ano; 12 mil e 500 em 86; 20 mil e 500 em 87. Uma recuperação no ano de 87,
mas que, de qualquer maneira, não atinge a média do ano anterior.
Se nós considerarmos que Porto Alegre cresceu, Porto Alegre tem mais
ruas; Porto Alegre tem uma população superior a cada ano, é evidente que a
Cidade está cada vez mais escura e isso nós temos visto a cada momento em que
visitamos bairros de Porto Alegre através do Programa Câmara e Comunidade. A
Verª Teresinha Irigaray deve lembrar que estivemos lá no Bairro Medianeira e
eram queixas genéricas.
Na “Rádio Pampa”, o jornalista José Fontella, há duas semanas, todos os
dias, dirige-se ao Ver. Nei Lima para que recupere uma Praça, a Praça Estado de
Israel, inclusive colocando a iluminação através da SMOV. Pois, há duas
semanas, nem a SMAM nem a SMOV, se manifestaram. Eu devo dizer que essa era uma
área em que o Prefeito Dib era muito cuidadoso. O Pércio Pinto estava sempre
com quatro ou cinco rádios em torno dele, ouvindo tudo o que acontecia, todas
as críticas, ou todos os comentários sobre a administração municipal. Podia
responder na hora, ou desmentindo, ou tratando de providenciar. Pois a
administração atual nem isso consegue fazer, nem um radinho de pilha coloca na
Secretaria para a assessoria de imprensa poder acompanhar o trabalho.
A saúde pública é uma área muito curiosa. A saúde pública consegue um
resultado razoavelmente positivo. Em 86 o número total das consultas médicas
reduz-se 5% apenas em relação a média anual do qüinqüênio anterior. E, no
primeiro semestre de 87, consegue uma recuperação e o número dos atendimentos,
realmente, atinge um resultado superior. As consultas médicas no HPS, na média
de 81 a 85, chegam a 70 mil, 469. Nas unidades sanitárias chegam a 66 mil e
600, em 86, nas mesmas unidades e a 81 mil na projeção dos primeiros dados, em
1987. Exclusivamente o HPS, no período 81 a 85, trabalha-se atendendo a 162 mil
pessoas e baixa para 159 mil e 500 em 1986, mas sobe para 350 mil no ano de 87.
Este dado é surpreendente e nos coloca algumas questões. Realmente houve uma
otimização do HPS, na nova administração, os dados apontam para isso. Ou ao
contrário, houve um mau controle dos dados por parte de uma ou de outra
administração. Esta é uma pergunta que, evidentemente, a análise orçamentária,
a análise da disponibilidade de pessoal poderá nos responder com objetividade.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. deve lembrar que, no ano passado, houve um
problema no INAMPS e recaiu no HPS atendimentos mais banais. Então, por isso,
talvez, este dado astronômico de atendimento do HPS.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Ver. Aranha
Filho, V. Exa. enriquece este nosso comunicado no sentido de trazer os dados.
Eu acho que, a partir destes dados, é que nós podemos interpretá-los com maior
cuidado.
Eu quero, agora, falar em relação à coleta de lixo, de um modo geral. A
coleta de lixo domiciliar diminuiu significativamente na atual Administração.
Aliás, num dia destes, o “Jornal do Comércio” trazia uma entrevista com o Ver.
Vieira da Cunha, onde ele confessava que o DMLU não dava conta do recolhimento
do lixo da cidade de Porto Alegre. Mas vejamos em números concretos: no período
80 a 85, o recolhimento foi de 161.500 toneladas anuais, em média; em 86, cai
para 126.200 e, no primeiro semestre de 87, chega a 72.500, que dá uma projeção
de 145.000 toneladas, ou seja, inferior sempre aos números da Administração
anterior.
Se tomarmos o crescimento da Cidade, em que temos uma projeção do
crescimento de lixo, a base de 30%, significa um caos absoluto em relação ao
recolhimento de lixo. Em 86, a Cidade tinha 200.000 habitantes e 60.000
domicílios residenciais a mais do que em 85, e a coleta de lixo, no entanto,
diminuiu 126.000 toneladas.
Serviços de capina, no entanto, superam muito o resultado da
Administração anterior. A capina, no período de 78 a 85, atinge uma média de
5.600 km, enquanto que em 86 chega a 6.300 km, e a projeção de 87 indicava um
número superior.
O jornal “Diário do Sul”, no final de semana, traz, em manchete, uma
matéria da assessoria da SMT e, aliás, era até uma tese que eu levantava aqui,
com o aparte do Ver. Brochado da Rocha, o desastre absoluto da SMT, nas últimas
semanas, em relação aos semáforos. A fila de carros, o problema de automóveis
na Zona Norte hoje é grande, devido ao não-funcionamento de sinaleiras,
sobretudo as de três tempos, nos cruzamentos com a Farrapos, ou a queima de uma
lâmpada em um dos três tempos, o que realmente deixa o motorista absolutamente
perdido, sem saber se passa ou não, se pára é batido por trás, se avança é
batido pela frente ou pelo lado. Hoje, o “Diário do Sul” publica a análise de
um próprio técnico da SMT, o Dr. Spina, que relaciona o aumento dos acidentes
de trânsito com a ineficiência da SMT na sinalização luminosa e em todo o tipo
de sinalização. São estes os dados que trazemos aqui dos números objetivos,
oficiais. O serviço de conservação e implantação de sinalização sofre uma
redução efetiva em relação aos anos anteriores. Dispomos de pouca informação
sobre 87, mas em relação aos demais dados, realmente, são preocupantes; em 86,
o número de sinaleiras e semáforos, diminuiu 25% em relação à média anual do
triênio anterior, e o número de placas aéreas reduz-se a 1/3, diminuindo 31%;
os dados são os seguintes: sinaleiras e semáforos colocados em 83-85 é de 220;
em 86, 167; placas aéreas, 236, em 86, 80; rede de sincronismo 3036, em 86,
2100; a sinalização vertical diminuiu em 86, em relação ao período anterior,
34%, e aí temos toda a discriminação da sinalização vertical, placas e postes,
da divisão em pista contínua, de setas, de divisores físicos, de taxas
refletivas, de postes para semáforo, de nariz, de termoplástico, de meio-fio e
assim por diante. Essa redução de sinalização da cidade tem a correlação com os
dados estatísticos, que informa que ocorreu expressivo aumento do número de
mortes e de acidentes de trânsito em Porto Alegre, no período 86, 87. No biênio
84-85, o registro de ocorrências apontava 36072 ocorrências de acidentes,
capotagens, colisões, atropelamentos e por aí afora; a média mensal era de 1503
acidentes; no período de janeiro de 86 a setembro de 87, 21 meses, atingimos
38035 ocorrências, uma média mensal de 1811 acidentes, conforme a resposta do
Prefeito Alceu Collares, ao meu Pedido de Informações n° 158/87, ou seja, há um
aumento de 80% no número de acidentes em Porto Alegre; em relação às mortes:
84-85 morreram cerca de 385 pessoas, em Porto Alegre, uma média mensal de 16
pessoas por mês; de janeiro de 86 a setembro de 87 chegamos a 445 mortes, média
mensal de 21 pessoas, cinco a mais, com um acréscimo de 32%, que não pode ser
explicado pelo crescimento da frota de veículos da cidade, que nos últimos dois
anos, aumentou apenas 6%. Esses são os dados cruzados entre os dados da SMT e
os dados do DETRAN, que nós fomos buscar junto da Secretaria de Trânsito, da
Secretaria de Segurança.
Ver. Adão Eliseu, V. Exa. conhece bem a área, tem o aparte, com todo o
prazer.
O Sr. Adão Eliseu: Ver. Antonio Hohlfeldt, eu
acho que o relatório, a análise que V. Exa. faz é profunda, é possível até que
seja verdadeira. Lógico, V. Exa. não vem à tribuna para dizer inverdades. Mas
com todo o respeito e admiração que eu tenho por V. Exa., eu pediria que V.
Exa. também arrolasse as benfeitorias. Eu quero dizer a V. Exa., e é uma pena
que V. Exa. estava esperando uma outra intervenção e eu faço diferente, sem
querer ofender, em absoluto. Sábado eu participei de vários momentos festivos,
vamos dizer assim, para a população aqui em Porto Alegre, a inauguração de 3
ruas pelo Prefeito. Olha, foi uma coisa de louco, o Prefeito se torna cada vez
mais popular pelas obras que está realizando. É possível, e eu acho que V. Exa.
tem razão, que ele tenha deixado de fazer estas obras que V. Exa. cita, mas
está fazendo outras obras importantes para a população e se tornam mais importantes
ainda na medida em que são feitas na periferia da Cidade. Eu vi isto, tenho que
contar a V. Exa., para acrescentar ao seu discurso.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
O tempo de V. Exa. está esgotado, o Ver. Aranha Filho cede o seu tempo a V.
Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu agradeço ao Ver. Aranha
Filho e aos Vereadores de um modo geral, da Bancada do PFL. Ver. Adão Eliseu,
chegou atrasado, depois que eu já havia iniciado o meu discurso, talvez por
isso V. Exa. não ouviu o que eu dizia. Os dados são oficiais, Ver. Adão Eliseu.
Eu não os inventei e nem fui buscar fora da Prefeitura. São dados das
Secretarias respectivas.
O Sr. Adão Eliseu: Nem eu afirmei...
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu estou apenas explicando.
O que eventualmente tem de bom eu estou mencionando. Acabei de mencionar a área
da Saúde, mencionei o aumento relativo de matrículas. Relativo em números
absolutos e decréscimo relativo ao crescimento da população. Vereador, eu
acompanhei cada Secretaria, cada Setor, isto é o resultado de cada Setor, nós
não escondemos nada, nem de ruim, nem de bom. Se não aparece o bom, Vereador,
das duas uma, ou a Administração não fez, apesar das festas, ou faz e as
Secretarias não estão colocando nos relatórios. É o Relatório oficial,
Vereador, da Secretaria do Planejamento Municipal.
O Sr. Adão Eliseu: Festas promovidas pelo
povo. Eu participei, inclusive, sábado.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Infelizmente, Ver. Adão
Eliseu, V. Exa. sabe que também o Sarney, de vez em quando, é recebido com
festas, apesar de tudo. Lá nas cidades distantes do Interior do Maranhão, as
pessoas desinformadas ainda recebem Sarney com festas, talvez, as áreas
periféricas da cidade, como V. Exa. disse, estejam festejando pequena migalha,
e não a obra mais importante, essa é uma questão. Mas gostaria, Ver. Adão
Eliseu, de discutir este assunto posteriormente, inclusive da tribuna em outro
tempo meu ou tempo seu, porque no momento não estou analisando, estou apenas
trazendo os dados, não estou trazendo a minha opinião, estou apenas trazendo os
dados, tentando levantar alguns porquês e algumas relações que são óbvias e,
depois, partiríamos para uma relação e para uma análise e interpretação desses
dados. Por exemplo, eu não ignoro e tenho um outro conjunto de dados que não
sei se hoje, mas nos próximos dias eu poderei abordar, eu não ignoro a
dificuldade que o Governo Alceu Collares enfrenta em relação à verba federal,
de maneira nenhuma e vou mostrar esses números, até porque a Administração
Collares chega a menos que a metade de verba de investimento na cidade de Porto
Alegre disponível anteriormente pela Administração do Prefeito Villela e do
Prefeito João Dib, nós baixamos de 7.2 de investimentos no período de 1981 e
chegamos a 2.1 no período atual. Então, há este problema e temos que analisá-lo
depois, mas estou apenas me dando ao trabalho, agora, de trazer os números que
são os oficiais, apenas levantando e organizando por setor e, depois, pretendo
então, num segundo momento, levantar e comentar e interpretar. Inclusive, num
dia desses, um jornalista disse que eu iria denunciar, eu não estou denunciando
por enquanto, estou registrando. Eu acho que é a nossa obrigação, de qualquer
Vereador.
Eu lhe confesso Ver. Adão Eliseu e V. Exa. sabe, eu gostaria de trazer
aqui e tenho dados altamente positivos, até porque fui oposição e sou oposição
ao PDS, agora, os números me dão outro resultado e por uma questão de seriedade
eu tenho que registrar este resultado.
O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, um breve aparte apenas no que se refere ao
problema da discriminação em relação às verbas para Porto Alegre em face do
Governo Federal e a intervenção de V. Exa. Recebi de V. Exa. cópia do telex
enviado aos Deputados do PT quanto da votação do Capítulo da Reforma Tributária
na Constituinte e gostaria de fazer este registro até por justiça de que V.
Exa. desempenhou, conforme o apelo que fizemos da tribuna, nesta Casa, no
sentido de levar a posição aos parlamentares federais do PT, a posição de nós
porto-alegrenses e a nossa preocupação a uma possível discriminação que já
existia e continuar havendo em termos de Constituinte e a posição dos nossos
parlamentares gaúchos naquela posição...
Faço o registro em relação ao que V. Exa. se referiu há pouco.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: E mantenho a posição, Ver.
Pedro Ruas, por uma questão de respeito com a cidade e com a administração,
evidentemente, sem dúvida nenhuma e com relação à iniciativa do Prefeito hoje,
visitando o Governador Pedro Simon, e visitando a Assembléia Legislativa,
porque acho que é um problema da cidade de Porto Alegre, não há problema nenhum
em acompanhar o Prefeito num tipo de reivindicação desse quilate, porque ela
cabe, ela é justa. Agora, isso não pode me impedir de trazer esses dados. E eu
vou, depois, avançar um pouco mais em relação aos dados da política
orçamentária e de pessoal e aí, então, sim, talvez eu entre em interpretação e
talvez se explique onde, apesar da dificuldade, se perde o dinheiro que entra
no orçamento.
O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu gostaria, em primeiro lugar, de
cumprimentar V. Exa. pelo seu pronunciamento, acho altamente louvável e desde
já peço a V. Exa. para ter acesso, pois é sumamente importante, e acho que através
dele pode-se travar, aqui, uma discussão para ver o que houve, o que não houve,
o que é, o que não é; não que os números estejam errados, não estou contestando
a interpretação dos números que V. Exa. disse que não está fazendo neste
momento. Até porque eu daria a V. Exa. um argumento – V. Exa. mesmo seguiu essa
linha – talvez a tabulação de agora tenha uma metodologia que a tabulação de
então não tinha.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Em relação a isso, Ver.
Brochado, a maneira pelo qual está constituído o Anuário Estatístico de 86 e o
Pedido de Informações de 87, nós tivemos acesso extra-oficial aos números de
87, e é exatamente a mesma, a não ser que se tenha modificado algum outro
critério que não aparece no Anuário. Mas, então, terá sido uma modificação lamentável,
porque depõe contra a Administração, e acho que a gente deve modificar para
melhorar.
O Sr. Brochado da Rocha: Não, Vereador, eu quero
dizer é que V. Exa. está trazendo dados estatísticos comparativos, de números.
A partir deles, acho que é um norte importante para que, após o ato de
conhecer, passemos a estudar o que se esconde atrás de cada número e de cada
matéria e acho sumamente relevante que cada um de nós, Vereadores, possamos ter
acesso, para darmos, cada um, a nossa versão, dentro das fontes que formos
buscar. De qualquer forma, é muito importante na medida em que estabelece um
termômetro e uma espécie de conscientização de uma realidade que nós estamos
vivendo na cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Muito obrigado, Vereador.
Inclusive, eu gostaria de chamar a atenção no sentido de que eu tinha esse
relatório pronto desde o início do mês de abril. Vejam os Srs., não conheço o
Dr. Spina, da SMT, não tive o prazer de conversar com ele e o jornal traz,
exatamente, a conclusão que nós tiramos da nossa análise. Da mesma forma, no
decorrer de abril, o Ver. Vieira da Cunha se manifestou sobre a questão do lixo
exatamente com os mesmos números que nós já tínhamos usado aqui. Então,
gostaria, apenas, de registrar isso: nós não estamos manipulando nenhum número;
nós não inventamos nenhum referencial, nós trabalhamos com os números
disponíveis, estamos fazendo estes números, vamo-nos ocupar da interpretação
mais adiante.
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Antonio Hohlfeldt, nós acompanhamos com atenção
essa exposição de V. Exa. relativamente aos dados da administração Collares e o
cumprimentamos por isso, porque eu acho que vai ser sumamente útil para uma
análise bem comparativa e isenta do desempenho dessa administração. Agora,
quanto à questão de que tem o Prefeito insistido muito de estar marginalizado
pelo Governo Federal, também, nós achamos que deve estar sim e talvez, em um
futuro bem próximo, devamos analisar esses aspectos. Conforme já colocamos
aqui, há setores da administração Collares que têm contado com apoio e eu acho
que nós temos que aprofundar o levantamento desses recursos federais que vêm
para cá, não é assim, mecanicamente, como o Prefeito coloca que está completamente
abandonado, à deriva de parte do Governo Federal, com o qual – diga-se de
passagem – não tenho a mínima relação, a mínima simpatia e não dou qualquer
apoio a esse governo que está lá em Brasília. Mas, nota-se, por exemplo, que há
poucos dias, não faz muito, ele veio aqui, o Presidente do BNDES, ex-Governador
Amaral de Souza, anunciando 6 milhões e meio de cruzados para o Porto Seco que,
no meu entender, e eu acho que de muita gente nesta cidade, não é uma obra
prioritária.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Até porque, Ver. Caio
Lustosa, continuam se liberando áreas para depósitos de transportadoras nos
lugares mais disparatados possíveis.
O Sr. Caio Lustosa: É isto aí. O governo
Collares teve amplo apoio da Petrobrás para a construção dos tais de postos de
gasolina, esse Projeto de ultimação da chamada Avenida Beira-Rio. Todo apoio,
recursos, bem liberados e ele lutou muito por isso. Conseguiu. Houve grande
“lobby” lá dentro. Na área da saúde também. Nós temos é que analisar
criticamente os setores contemplados e os interesses que estão por traz dessa
liberação de verba. Isso que é importante. Quando é para os setores
hegemônicos, para aqueles que mandam no espaço urbano, os recursos vêm fácil e
vêm muito a identificar os dois tipos de governo, o federal e o municipal, que
são governos francamente ajustados e acertados com as elites do dinheiro neste
País. É o capitalismo moreno na sua mais acabada e maravilhosa encenação.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu quero só me referir à
questão de tarifa de ônibus, que afinal não é um problema de dinheiro, de
aplicação de verbas, é, sim, um problema de gerência da questão pública. Poucos
dias antes de o PDT assumir a Prefeitura, em dezembro de 1985, a passagem de
ônibus da Capital, através de uma emenda do Vereador-Líder do PDT, subiu em
78%, passando de Cz$ 0,90 para Cz$ 1,60. Portanto a administração Collares
pegava a tarifa de ônibus no seu pico mais alto da história recente do
transporte coletivo de Porto Alegre e todos os companheiros que assessoraram o
nosso trabalho aqui sabem disso, porque acompanharam todos esses lances.
Durante o ano de 1986 não foi possível conceder aumento em função do
congelamento, mas após a liberação em fevereiro de 1987 o primeiro aumento foi
extremamente generoso: 81.2%. A partir daí foram concedidos mais 7 aumentos.
Tivemos em apenas 13 meses de gestão administrativa do PDT de fevereiro de 1987
a março de 1988 mais 8 aumentos, ou seja, um a cada 49 dias. O total acumulado
é de 1275% contra uma inflação no mesmo período, de acordo com DIEESE, de apenas
574%, ou seja, nós temos 70% de aumento de ônibus a mais do que a inflação do
período. Em termos reais a passagem duplica de preço e nós queremos depois nos
dedicar exclusivamente à questão do transporte coletivo. Nós já temos dois
estudos acabados sobre isso que são verdadeiramente estarrecedores. Aí, sim,
vou aceitar o desafio do Ver. Elói Guimarães ou na SMT ou neste Plenário,
quando ele estiver de volta. Vou mostrar que ele, o Ver. Elói Guimarães,
entregou, através de suas decisões administrativas, um milhão de cruzados aos
empresários de transportes coletivos. Fica a nossa promessa, pois os dados já
estão levantados. Como se fez isso? Através exatamente da manipulação dos
índices na planilha. Pedi a planilha, porque não dispunha dos dados. O Ver.
Elói me desafiava a uma discussão pública e me passava todas as planilhas;
fizemos a análise do resultado realmente é lamentável, pois se está tirando da
população o máximo. Em termos simplificados, há evidentemente, uma apropriação
permanente dos excedentes financeiros. Mais do que nunca, portanto, é oportuna
a idéia do Ver. Brochado da Rocha, expedida se não me engano, em fevereiro
deste ano, de se modificar a forma da relação entre as empresas de transportes
coletivos e a Prefeitura. Só assim evitaremos o roubo às escâncaras contra a
população de Porto Alegre.
Tenho ainda, Ver. Flávio Coulon, de analisar o fomento agropecuário, a
política industrial, os esgotos pluviais, a rede de água, esgotos cloacal, e
por aí afora, setor de habitação e projetos especiais.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu, evidente, vou fazer uma digressão, digamos,
teórica. Preocupava-me, no início de seu pronunciamento, porque V. Exa. está
discursando pelo tempo cedido pelo PFL e PDS e tomando como aparente paradigma
uma bela administração do PDS para mostrar que o PDT está sendo péssimo,
dava-me a idéia de que talvez V. Exa. estivesse achando que a administração do
PDS e PFL, na Prefeitura, era muito boa. É isso?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Diria, Ver. Flávio Coulon,
que, com todos os problemas, que nos queixávamos do PDS, com todos os problemas
ao tempo dos prefeitos nomeados, apesar de todos e tudo, ainda houve uma
gerência menos pior.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. quer dizer que está
com saudades?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Não. Ainda houve uma
gerência menos pior. Mas, por uma questão de responsabilidade, os dados de que
disponho são esses e são os que precisamos usar como referencial. Confesso-lhe
que até posso dizer, e dizia isto ao Dep. Nelson Marchezan, um dia desses, que
eu lamentava chegar a essa conclusão.
O Sr. Flávio Coulon: Quer dizer que, na época do
PDS, era bom?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu não digo,
necessariamente, até por que eu não fiz uma análise muito clara de todo o período
anterior, para dizer que era bom. Mas posso dizer com tranqüilidade que o de
agora é pior.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho extremamente infeliz o aparte do Ver. Flávio
Coulon, mesmo por que não existe qualquer conotação política a cedência do meu
tempo, mesmo a cedência do tempo do Ver. Artur Zanella. Nada tem a ver com o
PFL, PT, é bastante pessoal, nobre Vereador.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu fico impressionado porque nós temos alguns
compromissos com a nossa imagem, com nossa inteligência e, às vezes, o Ver.
Flávio Coulon esquece disso. Só falta ele dizer em aparte, que V. Exa. vai
entrar no PDS. V. Exa. está fazendo um trabalho sério, trabalhoso, deve ter-lhe
custado muito tempo, para ouvir um aparte infeliz por parte do Ver. Flávio
Coulon.
Eu só queria fazer um parêntese, Vereador, porque acho que em alguma
coisa nós temos saudades do PDS, é quando nós levantávamos o telefone e
qualquer secretário do PDS atendia, e o mesmo não acontece agora.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: O meu testemunho é até com
relação ao Prefeito João Dib, sempre consegui falar com ele sem maiores
problemas.
O Sr. Mano José: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não ouvi desde o início o pronunciamento de V. Exa.,
mas pelo que dá para ver, ao que parece, é um trabalho de responsabilidade e
uma análise criteriosa baseada em dados.
Só lembraria a V. Exa. que eu ouvi no rádio hoje pela manhã que as
empresas de ônibus estão pleiteando mais 36% sobre os preços das tarifas.
E com relação ao aparte do Ver. Flávio Coulon, devemos ter saudade do
Governo do PDS, porque naquela época os soldados não agrediam professores.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agradeço a V. Exa. e,
quanto à área do transporte, eu ouvi também que quinta-feira é a reunião do
Conselho Municipal dos Transportes. Dependendo do horário, eu pretendo estar lá
presente, espero que não ocorra aquele episódio lamentável que houve há uns
anos atrás comigo e com o Ver. Wilton Araújo e pretendo levar aos Srs.
Conselheiros os dados, como eu disse, terríveis, lamentáveis que nós levantamos
na área do transporte coletivo, porque, se depender de mim e desses dados, se
houver um mínimo de sensibilidade, Ver. Mano José, a tarifa, na quinta-feira
baixa, não sobe. Tem de baixar. E eu estou pronto a cortejar os meus dados, a
minha interpretação com a interpretação dos técnicos da SMT. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro
Hagemann):
Último orador inscrito em Grande Expediente é o Ver. Auro Campani, que através
de Comunicação de Liderança, do PDT, cede o seu tempo ao Ver. Pedro Ruas que
tem os 15 minutos regimentais.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, no dia de ontem comemorou-se em todo o mundo o Dia do Trabalho e,
em especial, se fizeram inúmeras referências e estudos sobre a condição do
trabalhador brasileiro, sobre a condição de quem hoje produz, neste País, quem
detém, em última análise, a força de trabalho e as suas reais condições, e, a
sua situação na relação com os trabalhadores em geral de todos os países e com
os trabalhadores nossos irmãos, vizinhos da América Latina.
A imprensa divulgou ontem, estudos do DIEESE, onde se percebe
claramente que, e, esse é o primeiro dado alarmante; o salário-mínimo no Brasil
é hoje, dia 02 de maio, o mais baixo em todo o mundo para essa jornada de
trabalho. O mais baixo do mundo para a jornada de 48 horas semanais de trabalho
e da história brasileira; esse era o segundo dado, Ver. Hermes Dutra. Então, eu
chego no segundo dado: é o mais baixo salário-mínimo em termos de poder
aquisitivo – como diz o Ver. Hermes Dutra – da história do País, desde que foi
criado o salário-mínimo em 1940. São, portanto, 48 anos de história do
salário-mínimo no Brasil, e, nós temos, hoje, dia 2 de maio de 1988, o mais
baixo salário-mínimo em termos de poder aquisitivo de toda história do nosso
País.
E o terceiro dado alarmante é que, na comparação com os países da
América do Sul, que são países de notórias condições de subdesenvolvimento
assemelhadas às do Brasil, o nosso salário-mínimo é o mais baixo da América
Latina para a mesma jornada de trabalho, 48 horas semanais.
Então, Srs. Vereadores e Sr. Presidente, nós temos hoje com dados
oficiais divulgados no dia de ontem, Dia Internacional do Trabalho, uma
constatação para todos nós de, ao mesmo tempo, motivo de vergonha e
esclarecimento sobre o trabalho a ser desenvolvido. Nós temos a pior condição
de trabalho do mundo em nosso País.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu queria cumprimentá-lo pelo pronunciamento que V.
Exa. está fazendo e dar uma participação, auxiliando o companheiro, para dizer
que o Brasil é a 8ª economia do mundo e com um padrão de vida dos mais baixos.
O Brasil possui um dos mais altos níveis de concentração de riquezas, 1% da
população brasileira recebe, em dinheiro, mais do que 50%, e, 5% dos mais ricos
deste País, recebem, em dinheiro, mais do que 80%. Isso é uma prova de que
aquela idéia de que salário é sinônimo de inflação, ela favorece cada vez mais
a política salarial, as minorias dominantes neste País, e, também, as
multinacionais que encontram, aqui dentro, um custo operacional de mão-de-obra
dos mais baixos do mundo. A riqueza que nós produzimos vai para fora do país
sob toda sorte de pagamentos. Por isso é que nós estamos vivendo este quadro
constrangedor e até entristecedor perante o mundo.
O SR. PEDRO RUAS: Agradeço o aparte de V.
Exa. e tenho, então, senhores, o prosseguimento da avaliação destes dados, colocando,
em primeiro lugar, o fato de que para nós este tipo de levantamento divulgado,
ontem, pela imprensa, adquire uma importância sem precedentes, porque passamos
a ter uma avaliação concreta e oficial da situação do trabalhador brasileiro e,
em conseqüência – conseqüência necessária, aliás – uma conceituação de toda a
situação do nosso País no dia de hoje, porque a força de trabalho, aquilo que
representa o esforço, o suor e o sangue de quem produz neste País, está hoje
numa condição que, se comparada com qualquer nação civilizada, está em nível
inferior. Ora, nós não temos como exigir qualquer outro sacrifício do
trabalhador brasileiro, em termos de compreensão de política econômica, em
termos de compreensão de política de planejamento, em termos de compreensão do
nosso momento atual, porque nada há que justifique a nossa situação, em termos
de Nação, em termos de País, em termos de ordem institucional e política, com
uma condição de trabalho tão sem dignidade, tão abaixo de padrões mínimos de
moralidade, de consideração, de respeito, a quem nos alimenta e a quem produz
tudo o que há neste País. Eu não sou – e os Srs. Vereadores que me conhecem são
testemunhas disso – do tipo de parlamentar que coloca este tipo de situação
toda nos ombros de um Partido, que, eventualmente, está no poder, porque com o
mínimo de inteligência se percebe que esta não é uma situação que nasce de uma
hora para outra, isto é conseqüência de uma série de ações, ou a falta delas,
que nos levou a este verdadeiro caos, em termos da situação do trabalhador
brasileiro, hoje. Não coloco, portanto, a culpa exclusiva desta situação
caótica, nos ombros do PMDB ou do PFL, que até pouco tempo dividia com o PMDB,
o Governo Federal, mas há necessidade, por questão de coerência e de respeito com
os demais Partidos e as demais forças políticas deste País, de se dizer que
hoje estes dados estarrecedores são os piores, repito, da história do Brasil, e
estão ocorrendo justamente na gestão PMDB no Governo Federal. Já frisei que não
os acho – já considerei os apartes dos Vereadores – os únicos culpados pela
situação, mesmo porque é uma situação que vem se armando, há bastante tempo, e
acredito que possivelmente ela levaria a uma situação como esta, quaisquer que
fossem as condições. E o problema, e isto que é assustador, é que não vemos, de
parte do Governo Federal, qualquer ação, qualquer atitude que leve a uma
reversão desse quadro catastrófico que temos hoje para o trabalhador do País. O
trabalhador brasileiro não tem hoje sequer expectativas de mudanças de sua
situação enquanto continuarem no poder os que hoje lá estão; enquanto continuar
no poder a parte do PMDB que defende esse tipo de ação, ou que, pelo menos, por
sua inércia, é conivente com tudo que está aí, separo bem as partes do PMDB;
sei que há parte que não concorda com esse tipo de situação; agora, a parte que
concorda está fazendo o seu trabalho muito bem, na medida em que deixa, a todos
nós, a situação vexatória de termos a pior condição de trabalho do mundo
inteiro, a pior situação de trabalho da história do Brasil, e da América
Latina.
O Sr. Adão Eliseu: Ver. Pedro Ruas, estou
ouvindo o discurso de V. Exa. com muita atenção, e o que me leva a lembrar o
dia 1° de Maio, dia em que todo o mundo civilizado, na área socialista, e em
alguns países democráticos, houve festas em homenagem ao trabalhador, ao seu
dia, no dia do trabalho, no dia em que se comemora o sacrifício daqueles dois
trabalhadores, operários, nos Estados Unidos, e no nosso País, quando se
esperava que o PMDB, que veio para salvar, elegeu quase todos os Governadores
de nossa Pátria, não movimentou uma pena, não movimentou nada e não se
movimentou no sentido de pelo menos se lembrar dos trabalhadores no seu dia. É
incrível isto aí, isto me parece uma evidência de uma condenação total deste
Governo, porque ele realmente demonstra, nestes momentos, que não veio para
laborar em torno dos interesses dos trabalhadores desta Pátria. Representa uma
elite. V. Exa. ressalvou: não está culpando só o Partido. Eu culpo o PMDB,
assumiu o poder e nada fez para mudar.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu serei breve, Ver. Pedro Ruas. Eu só quero
cumprimentar V. Exa., mas eu queria divergir da partezinha final do seu
discurso, antes do aparte do Ver. Adão Eliseu, quando V. Exa. fala em parte do
PMDB, eu acho que isto, Ver. Pedro Ruas, embora V. Exa. esteja bem intencionado
é, na verdade, fazer o jogo, este sofisma do PMDB. Para mim não existe parte do
PMDB, existe o PMDB que indica os seus apaniguados para ocuparem os cargos que
vira as costas, como fez a charge do Sampaulo, tira leite das tetas das vacas
de costas e dizendo que quer romper com o Governo.
Ver. Caio Lustosa, eu até posso ressalvar V. Exa. que eu sei que talvez
não tenha indicado ninguém, mas, mesmo V. Exa. diz, o homem, na afirmação de
Ortega Gasset, o homem é a sua circunstância. Eu nunca torturei ninguém, eu
nunca roubei, no entanto, passei aqui ouvindo, do próprio Ver. Caio Lustosa, as
maiores diatribes quando o meu Partido estava no Governo. Então eu não posso
ter dois pesos e duas medidas. Acredito que no PMDB há homens que não concordam
com algumas coisas que estão acontecendo, agora, responsabilidade histórica,
tem que lhe ser jogada. Desta eles não podem fugir, concordem ou não. Sou grato
a V. Exa. pelo aparte.
O SR. PEDRO RUAS: Isto é pacífico e concordo
com o que disse o Ver. Adão Eliseu e, antes de concluir, concedo o aparte ao
Ver. Getúlio Brizolla.
O Sr. Getúlio Brizolla: Muito obrigado pelo aparte.
Eu só gostaria de valorizar suas frases, Ver. Pedro Ruas, pela sua honestidade,
pela sua pureza e ver o que V. Exa. colocou: que o PMDB está liquidando o povo
gaúcho. Não só o povo gaúcho, mas o povo brasileiro. Ver. Pedro Ruas, sou homem
de pouca tribuna, mas o que tenho colhido do povo, é vergonhoso, nós sermos
governados por um Sarney, que nem sei qual a sigla dele, ele diz que é PMDB ou
Frente Liberal. Em determinado momento, eu que tenho um baita de um nome,
Getúlio Brizolla, tenho vergonha de ser governado por um homem tão corrupto.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, especialmente aqueles Vereadores que me apertaram, quando referi a
tal parte foi no momento do discurso em que eu colocava tal tipo de ação e
atuação dos homens públicos em relação a essa situação que nós temos e queria
dizer apenas que sabia que existiam setores do PMDB que não apoiavam esse tipo
de política, agora, é evidente e isso ressaltei no início de meu
pronunciamento, que a responsabilidade é do Partido que hoje comanda este País,
a responsabilidade é do PMDB: Se há setores que não concordam com essa
política, temos de ressalvar, mas a responsabilidade é do PMDB e a história há
de cobrar como cobrou de outros governos, dos integrantes de hoje do PMDB, o
seu silêncio ou sua conivência expressa com a situação que levou este País a
esta situação de vergonha, de vexame perante o mundo inteiro. Temos certeza de
que a história há de cobrar de quem integrava hoje esse Partido que nos deixou
numa situação inédita da história do Brasil, sua responsabilidade no momento
histórico da comemoração do Dia do Trabalho, a nível internacional, o exemplo
maldito de termos hoje a pior situação dos trabalhadores em todo mundo
civilizado.
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só posso atribuir a uma empolgação momentânea de V.
Exa. uma análise e uma atribuição mecânica ao PMDB como se ele fosse uma
entidade una, indivisível, se não tivesse “n” correntes, como todos partidos
têm. Acho que V. Exa. ficaria muito vexado se eu lhe atribuísse os destinos da
Administração Collares, a setores do PDT ou ao PDT como um todo, que não são
responsáveis por essas alianças empresariais que o Sr. Prefeito faz com a
burguesia da Cidade. Acho que nem todo o PDT, conheço líderes do PDT; na área
da cultura, por exemplo, que tem figuras maravilhosas que não se identificam
com aquele Veto tão absurdo e triste que o Prefeito apôs no Projeto e que esta
Câmara aprovou com unanimidade, quer dizer, a coisa não é assim mecânica, os
partidos não são essa coisa sólida...
O SR. PEDRO RUAS: Eu disse isso, Vereador? V.
Exa. não ouviu o que eu disse.
O Sr. Caio Lustosa: Por isso é que deve haver
um reparo nas alegações de V. Exa., assim como nas do Ver. Hermes Dutra. Quando
nós acusávamos o PDS de torturadores, eram os setores do PDS que estavam
comprometidos com a estrutura e havia muitos, como o entreguismo, liderados
pelo Sr. Delfim Neto, que é do PDS, era e ainda continua sendo. É por esses
setores, agora, nós tínhamos bastante visão de mundo e para compreender as coisas
para acolher um Senador Teotônio Villela, vindo do PDS, da Arena, por quê?
Porque ele tinha realmente uma proposta de mudança, de transformação, como,
aliás, é a proposta das bases do partido.
Agora, se os caciques e até os Governadores, na sua maioria, traíram o
programa partidário, isso a eles, evidentemente, concordo com V. Exa. deve ser
feita a cobrança da postura que renegou o programa e o compromisso com as
bases.
O SR. PEDRO RUAS: Não há como, Vereador, se
fazer uma avaliação deste tipo em cima de dados oficiais, sem colocar o mínimo,
nem que seja o mínimo de responsabilidade, sobre quem é responsável, em última
análise, pela própria apresentação desses dados e se nós temos hoje um partido
que está no Poder e no Governo Federal e nós temos essa situação de ser, o
nosso País, aquele que oferece as piores condições para o trabalhador, do mundo
inteiro, nós temos que responsabilizar quem propicia que essas condições
aconteçam e o Partido que hoje comanda este País e que nos permite ter este
tipo de situação entre nós, é o PMDB, e a história há de cobrar de seus
integrantes este período tão difícil para o trabalhador brasileiro de toda a
sua história. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Comunicação de Liderança com o PT, através de seu Líder, Ver. Antonio
Hohlfeldt. V. Exa. tem 5 minutos, sem apartes.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A direção da AMPA – Associação dos Municipários de Porto Alegre,
está convocando todos os funcionários públicos municipais, inclusive os desta
Casa, para o ato público amanhã, a partir das 9 horas, no Largo da Prefeitura,
em protesto contra o arrocho salarial, pela reposição real de salários, pelo
pagamento da URP, pela negociação trimestral, pela estabilidade de emprego aos
celetistas.
Eu gostaria de trazer alguns dados para justificar, para mostrar que é
mais do que justa essa mobilização. No período 80-85, o governo municipal
gastava 50% do seu orçamento com pessoal; no período Collares, a despesa passa
para 60%. Mas não pensem que isso significa aumento de salário real do
funcionalismo; o que ocorreu, foi empreguismo, que os dados atestam. A despesa
média por servidor, em OTN, caiu de 17.1%, que era despesa comparada de 39.1
OTN em 85, que se reduz para 32.4 OTN em agosto de 87, ou seja, em 2 anos, de
agosto de 85 a agosto de 87, há uma redução de 17,1% na despesa por servidor
público municipal na Prefeitura de Porto Alegre. Portanto, o que aconteceu?
Aconteceu que o Prefeito Alceu Collares empregou muito mais gente, de um lado
e, de outro lado, os Vereadores aqui estão cansados de saber, os funcionários
da Câmara Municipal estão cansados de saber, o aumento do Prefeito, do seu
secretariado e dos seus assessores de primeiro escalão, mais do que triplicou
neste período. Então, na verdade, esta média, por servidor, que inclui o
secretariado, que inclui o Prefeito, que inclui o primeiro escalão, na
realidade, obviamente se tomados apenas os funcionários de escalões inferiores,
é muito menor. Está, portanto, mais do que justificada, essa mobilização. Nós
queremos dar o nosso apoio à AMPA, a todos os municipários. E, ao mesmo tempo,
aproveitar esta oportunidade para fazer uma comunicação oficial. O Prefeito
Collares tanto fez, o Prefeito Collares tanto acusou o PT exclusivamente de ser
responsável pela mobilização dos funcionários públicos municipais, que
conseguiu: nós acabamos de ter a honra de ter a oficialização de participação
do companheiro Paulo Cruz, o “Chumbinho”, nos quadros do Partido dos Trabalhadores.
E não só a filiação do Paulo Cruz, como, oficialmente, a partir de agora, Paulo
Cruz é pré-candidato do PT como Vereador na cidade de Porto Alegre. Eu queria
fazer o meu agradecimento ao Prefeito Collares, graças aos seus esforços
fantásticos nós recebemos a adesão desse valioso companheiro. Ao “Chumbinho”,
ao Paulo Cruz as nossas boas vindas ao PT e, sobretudo, a minha certeza de que
no próximo ano – se as eleições houverem em 88 – nós teremos o Paulo Cruz,
aqui, como Vereador de Porto Alegre.
Um registro e um agradecimento, nunca o PDT ajudou tanto a nós, na
ampliação dos nossos quadros e na formação de quadros de pré-candidatos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”,
passaremos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2516/85 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N°
137/85, da
Verª Bernadete Vidal, que altera o artigo 1° da Lei 5553/85 e dá outras
providências.
Pareceres:
- da CJR. Rel., Ver. Luiz Braz: pela
aprovação;
- da CUTHAB. Rel., Ver. Paulo Sant’Ana: pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n°
137/85. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Frederico Barbosa,
solicitando seja o PLL n° 137/85 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0158/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N°
02/88, da
Verª Teresinha Irigaray, que denomina Ginásio de Esportes Osmar Fortes
Barcelos, “Tesourinha”, o Ginásio de Esportes do Município.
Pareceres:
- da CJR. Rel., Ver. Ignácio Neis: pela
aprovação;
- da CEC. Rel., Ver. Clóvis Brum: pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n°
02/88. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa Requerimento de autoria da Verª Teresinha Irigaray,
solicitando seja o PLL n° 02/88 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, apenas para que conste nos Anais pediria a V. Exa.
para que ficasse registrado o número de Vereadores que aprovaram o presente
Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Este Projeto foi aprovado
por unanimidade, ou seja, por 21 Senhores Vereadores.
PROC. 0423/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N°
12/88, do
Ver. Hermes Dutra, que denomina Rua Lloyd de Andrade Polidoro um logradouro
público.
Pareceres:
- da CJR. Rel., Ver. Luiz Braz: pela
aprovação;
- da CUTHAB. Rel., Ver. Frederico Barbosa:
pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n° 12/88.
(Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Hermes Dutra, solicitando
seja o PLL n° 12/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para
sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0497/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N°
22/88, do
Ver. Hermes Dutra, que denomina Rua Paulo Henrique Ten-Caten um logradouro
público.
Pareceres:
- da CJR. Rel., Ver. Ignácio Neis: pela
aprovação;
- da CUTHAB. Rel., Ver. Isaac Ainhorn: pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. Com a palavra, para encaminhar, o Ver. Hermes Dutra, pelo PDS.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, serei breve, nem vou usar os cinco minutos. Faço este
encaminhamento também em nome do Partido Liberal.
É só para registrar: Paulo Henrique Ten-Caten é um ex-companheiro de
partido nosso e que foi candidato a vereador na última eleição, até exercendo o
cargo com suplente, há dois anos e meio. Era um rapaz novo, com menos de trinta
anos, lamentavelmente vítima de uma enfermidade, veio a falecer, deixando
mulher e dois filhos.
A homenagem, na verdade, é para lembrar que o jovem, desde que lhe seja
dada a oportunidade, tem condições de assumir cargos nos legislativos e,
eventualmente, trazer a sua contribuição. A homenagem é fundamentalmente de
seus amigos e menos de seus companheiros políticos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem
queira encaminhar, em votação o PLL n° 22/88. Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. Hermes Dutra, solicitando
seja o PLL n° 22/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para
sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimentos encaminhados à Mesa.
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos constantes na Ata.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Encerrada a Ordem do Dia, passamos ao período de
COMUNICAÇÕES
Com a palavra a Verª Bernadete Vidal pelo tempo que lhe cede o Ver.
Antonio Hohlfeldt, por transposição de tempo com o Ver. Artur Zanella.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, de vez em quando nós temos condições de falar, nesta tribuna, de
coisas mais alegres. É o meu caso, hoje, voltando do Congresso da União
Latino-Americana de Cegos, realizado em São Paulo.
Com muita alegria e com muito entusiasmo, Srs. Vereadores, encontramos
nos companheiros da América Latina o mesmo ânimo que aqui temos de luta pela
causa. Encontramos naqueles companheiros vindos de toda a América o mesmo
pensamento, que muito acima das contradições internas que nós temos está a
contradição que nos impõe a sociedade com as barreiras, com os preconceitos,
com a indiferença e com a falta de oportunidade para que ocupemos o nosso
espaço. Eu quero, desta tribuna, me congratular com a presidência da União
Latino-Americana de Cegos que promoveu este evento de alto nível, com palestras
de companheiros de todos os países de América Latina, exceto a Venezuela. Lá,
tivemos a oportunidade de obter o atestado de todos os países de como é
importante até este mandato que tenho; mandato que é importante para mim, para
meus eleitores, que acreditaram em mim pela segunda vez, mas que é importantíssimo,
sem dúvida, e eu até nem imaginava quanto, para a luta dos cegos, não só no
Brasil, mas fora dele também.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Eu lhe cumprimento pelo seu pronunciamento, e quero
me congratular com V. Exa. dizendo que, infelizmente, a nossa sociedade é muito
preconceituosa. O preconceito é uma das coisas mais nojentas de que o ser
humano pode dispor. E este preconceito evita, muitas vezes, o progresso das
pessoas, e evita um benefício que as pessoas pré-conceituadas possam realizar à
sociedade. Quando a sociedade faz esse tipo de coisa, ela, além de deixar de
fora do seu convívio normal pessoas que teriam condições de serem integradas
pela sua própria educação especial, se prejudica, à medida em que o cérebro
dessa pessoa pré-conceituada, os olhos e, às vezes, os ouvidos, e a sua
condição física não é perfeita, deixa-se de exercer uma atividade positiva no
campo social. E muitas vezes, muitos dos problemas que enfrentamos não dependem
de uma ação de governo, mas de uma ação social maior e mais ampla, de uma
educação melhor, onde as pessoas têm que aceitar os outros como eles são, e não
como gostariam que fossem. E os diferentes têm que ser aceitos, enquadrados nas
suas diferenças, e darmos a eles as mesmas oportunidades que nós temos.
A SRA. BERNADETE VIDAL: O grande Rui Barbosa não
disse a respeito dos deficientes aquela frase “A forma de fazer justiça é
tratar com desigualdade os desiguais.” Não foi com relação a pessoas
deficientes, mas ela se enquadra perfeitamente, porque aos desiguais, pela
falta de preparo, pela desatenção, pela indiferença, e, até mesmo, pela
deficiência. Mas, esses desiguais, Srs. Vereadores, estão se organizando, e a
nível internacional, buscando espaço para que não tenhamos que esperar pela
atenção, pela graça, e as benesses, as pequenas esmolas que, neste País, nos
são dadas, e, normalmente, com festas, coquetéis, e coisas desse tipo.
O Sr. Getúlio Brizolla: Vereadora, as colocações de
V. Exa. são muito sadias, são puras, e hoje, pela manhã, assisti a uma reunião
da COSMAM, nesta Casa, e observei muito o seu lado, até porque, sou Vereador do
PDT, e estamos trabalhando em cima dessa área, cuidando daquilo que a senhora
tem preocupação. Vereadora lhe valorizo e agradeço o aparte, confiando que o
Ver. Getúlio Brizolla está sempre ajudando nesse sentido.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Agradeço, mas, Srs.
Vereadores, foi um motivo de orgulho, de satisfação saber que o mandato desta
Vereadora, já não digo a minha pessoa, digo o meu mandato e o fato de eu,
Bernadete Vidal, cega, ser a primeira mulher, nestas condições, a chegar a um
Parlamento, trazendo um alento, um novo entusiasmo para o trabalho, porque fui
alvo das atenções de todos os participantes, pois os companheiros cegos, de
toda a América, procuraram conhecer, até mesmo para conferir, e saber a que
serviço estava este mandato, pois este mandato está a serviço da causa dos
deficientes. Uma outra observação que me traz alento, e aos cegos do Rio Grande
do Sul, é que a Associação de Cegos do Rio Grande do Sul, é pioneira em matéria
de organização, foi a primeira entidade do Brasil a se organizar como entidade
de cegos, não como escola e instituição de atendimento a cegos, mas cegos do
Rio Grande do Sul. Fomos os primeiros a nos organizarmos e a lutarmos por
nossos direitos. Depois, algumas organizações do Brasil e hoje muitíssimas na
América. No Brasil nós somos cerca de 25 a 30 entidades organizadas ou em
organização, em forma final de organização. Estas entidades é que levam,
realmente, o movimento de cegos, a luta dos cegos adiante e nos coloca com uma
postura de lutar.
Srs. Vereadores, o Congresso, em si, trouxe aos cegos a certeza de que
nós temos que continuar neste caminho de organização porque, realmente, não
existe outro meio de chegarmos às autoridades, à sociedade, senão nos
organizarmos, se não ocuparmos um espaço de reivindicação, se não nos unirmos.
Aqui no Rio Grande do Sul, como em outros países existem as nossas
contradições, as nossas questões internas e que deságuam, fatalmente, em
brigas, em desuniões e que não nos levam a nada. Sou grata.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Artur
Zanella, por cessão de tempo do Ver. Aranha Filho.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
ao final desta semana compareci a algumas inaugurações de obras no assim
denominado Mutirão da Zona Leste. E como fui tratado da forma mais
cavalheiresca possível pelos atuais chefes do Executivo e do DEMHAB, mas como
não fiz uso da palavra, queria dizer que efetivamente concordo com esse tipo de
inauguração porque creio que as pessoas devem prestar contas do que estão
fazendo. Mas como lá não pude falar e às vezes escapa em algum discurso ver que
aquele tipo de obra em vilas seria novidade de agora, apressei-me hoje a fazer
alguns Pedidos de Informações ao Executivo para ver que obras foram inauguradas
não somente nos últimos 2-3 anos, mas de 75 para cá e mais especialmente no
período em que estava à testa do DEMHAB. Lembro-me, por exemplo, na primeira
inauguração, na vila comunitária, que como Diretor do DEMHAB enfrentei uma ação
judicial para a retirada daqueles moradores de lá. Evitei aquela retirada e
mais ainda, desapropriei o terreno que estava sendo objeto dessa ação judicial
e comprei, como Diretor, o terreno contíguo dando origem à vila, hoje
denominada Amigo Germano. Também o acesso àquela área, que também serviu de
acesso àquelas pessoas que foram à inauguração, na Rua Dona Firmina e depois na
Rua Ernesto Araújo, o acesso também foi concluído na minha gestão, quando
também se construiu a sede da Associação dos Moradores da Vila São José, a
Creche São Nicolau, a complementação da Creche Maria Michelena e a Creche
Comunitária do Morro da Cruz, que teve sua construção começada àquela época. Também
uma série de outras ruas foram ali pavimentadas na minha gestão e depois farei
um relatório mais amplo, assim como a iluminação pública de toda zona. Mais
ainda, a rede d’água que foi inaugurada, ela à época sofreu um Veto por parte
dos técnicos da Prefeitura que informavam não ter condições – à época – de
fazer o bombeamento da água até o topo do Morro da Cruz porque os
financiamentos que tinham sido aprovados, evidentemente, pressupunham a
construção das adutoras até chegar na estação de bombas no sopé do Morro da
Cruz. Mas foi implantada, à época uma caixa d’água provisória de metal que foi
inaugurada na minha gestão. E, também, lembro-me agora a própria linha de
ônibus gratuita que à época, muito bombardeada, se tornou realidade exatamente
a sua aprovação no dia em que entreguei o cargo de Secretário Municipal dos
Transportes e fiquei no cargo até o dia em que o Conselho Municipal de
Transportes Urbanos aprovou aquela linha que transporta gratuitamente as
pessoas que moram no Morro da Cruz, Vila Comunitária Amigo Germano etc.
Depois estive na inauguração da Rua Martins de Lima e onde uma Senhora
me perguntou até como é que eu via aquela pavimentação, porque – segundo ela –
alguém tinha informado à comunidade que a rua não tinha sido pavimentada porque
eu não concordara e que – eu – teria até dito que a última rua de Porto Alegre
a ser pavimentada seria a Martins de Lima. Eu disse àquela Senhora que, pelo
contrário, ela não foi a 1ª rua a ser pavimentada na minha gestão, mas foi uma
das primeiras a ser pavimentada, em parte tendo em vista que tanto eu, quanto
qualquer Diretor-Geral, do DEMHAB, necessita da liberação de recursos na época
por parte do Banco Nacional de Habitação e, hoje, pela Caixa Econômica Federal
e que no momento da liberação dessas verbas, então se fazia essas obras ou não.
E que agora, efetivamente, e até desmentindo um Vereador desTa Casa, Vice-Líder
do PDT e Presidente da CUTHAB, Ver. Isaac Ainhorn, que esses dias,
estranhamente, anunciou que processaria a Caixa Federal pela não-liberação de
recursos ao DEMHAB ou à Prefeitura Municipal, quando a Caixa não libera por
dois motivos: o primeiro, tendo em vista decisões do Conselho Monetário
Nacional, interrompendo esse fluxo de recursos para aqueles contratos e
projetos que não haviam ainda sido implementados; o segundo motivo, eu creio
que o Ver. Isaac Ainhorn deveria conversar tanto com o Dr. Dilamar Machado,
quanto com o Prefeito Alceu Collares, que diriam a ele exatamente os motivos
pelos quais esses recursos estavam sendo repassados diretamente às empresas, e
não aos órgãos municipais. Como eu prezo muito o DEMHAB, como aquele órgão faz
parte até da minha vida funcional, eu me eximo de dizer os motivos pelos quais
esses recursos não estão ocorrendo, de forma regular, à Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Mas, se o Ver. Isaac, que é o Presidente da Comissão de
Urbanismo, Transporte e Habitação, perguntar ao Prefeito e ao Dr. Dilamar, vão
dizer a ele porque esses recursos não estão sendo transferidos e o seu
processo, contra a Caixa, vai dar um resultado exatamente inverso do que ele
pretende, se ele quer desmoralizar os órgãos da Caixa Econômica Federal. E,
finalmente, na última inauguração, na Av. Rócio, tivemos lá a comprovação do
prestígio do Ver. Adão Eliseu que foi citado como um dos maiores incentivadores
daquela obra, que não foi feita anteriormente também por essa falta de
recursos, mas que hoje, mercê da aprovação de uma série de Projetos, consegue,
então, sua pavimentação. Mas, eu queria dizer isso como uma espécie de prestação
de contas para que as pessoas não imaginem que o mundo administrativo começou
agora. Quer dizer, chegar no Morro da Cruz, como alguns disseram, que lá nunca
foi feito nada pelo DEMHAB, e na minha presença, chega a ser assim algo
singular. Mas evidentemente é tudo em função da época e os recursos que lá
estão não foram gerados no céu, foram recursos que foram obtidos por
financiamentos e que serão pagos pelo próximo Prefeito.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu gostaria de dizer que participei
de muitas das inaugurações quando do seu mandato no DEMHAB, especialmente
nessas áreas e foram feitas obras que eram reivindicadas há mais de 40 anos,
quando o Governo já tinha passado pelo PTB e nunca fizeram nada. Naquela área
foi feita no Governo Villela uma imensa gama de melhorias, como também há pouco
tempo eu fui numa inauguração de mais um trecho da Voluntários da Pátria e foi
dito lá: estamos aqui iniciando o Calçadão da Voluntários, quando na verdade aquilo
foi iniciado no Governo Dib e eu como Secretário lutei muito para que saísse
aquele calçadão e foi como senão tivesse havido nada. É como V. Exa. disse: as
administrações se sucedem e as realizações também.
O SR. ARTUR ZANELLA: Vereador, é bom que se diga
porque muitas vezes as pessoas pensam que caiu de um disco voador numa vila de
Porto Alegre. Então, para conhecimento de todos e para que fique registrado
aqui é claro que a educação e a ética faz com que escutemos certas coisas
porque lá não era o local adequado, porém aqui é o local adequado e eu
cumprimento aquelas comunidades que tiveram mais ainda atendidas as suas justas
e quase centenárias – e no caso da Vila São José - centenárias reivindicações.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jorge
Goularte, pela liderança, por cinco minutos, sem apartes.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quem acrescenta, às vezes, alguma coisa, é o PDT. Mas não cria
nada, só aumenta um pouquinho o que já foi feito.
Por sinal, há anos venho-me debatendo pela descentralização
administrativa. Quem acompanha os trabalhos desta Casa sabe que quero que sejam
criados Centros Administrativos regionais. Vi, com muito prazer, neste
fim-de-semana, que na Restinga foi inaugurado um deles, o Centro Administrativo
da Restinga. Parece que a idéia está-se proliferando, pois deverá ser estendida
a outras regiões da cidade, porque não é possível que continuemos a fazer
editais, levando meses e meses em burocracias, para resolver, muitas vezes, uma
coisa simples de um bairro. Eu entendo que a Prefeitura teria uma condição
muito melhor se criasse os centros administrativos regionais, contendo, em seu
bojo, núcleos de administração de bairros, e, neles, seriam resolvidos os problemas
mais preementes dos bairros. Seriam aquelas coisas de bico de luz, pena de
água, buracos, abertura de valeta, recuperação de uma via pública, de maneira
simples e rápida e não como ocorre no momento, onde tudo é por edital,
demorando um enorme tempo na contratação de empreiteiras para resolver
problemas simples.
Venho à tribuna para cumprimentar o Governo Municipal por ter criado
esses centros administrativos regionais, o da Restinga, e espero que sejam
inaugurados outros, havendo uma descentralização administrativa criando
condições para que nos bairros sejam resolvidos diretamente os problemas junto
às comunidades. A par disso, o Ver. Adão Eliseu também votou com esse Vereador
um Projeto criando os Centros Integrados de Serviços Essenciais, cujo projeto
vou trazer novamente, porque entendo de extrema valia às comunidades. Esses
centros integrados teriam um posto policial, um posto de saúde, telefones
públicos e transportes. Ou seja, as maiores necessidades da população: saúde,
transportes, segurança pública e comunicação. Tudo de maneira simples sem
grandes aparatos, para atender à população menos desfavorecida.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu entendo que essas minhas idéias são
válidas, por isso vou continuar a defendê-las. Porque se não foi possível ser
implantadas nos governos anteriores, inclusive o meu partido na época, que seja
agora, porque o importante é que a população seja beneficiada, tenha essas
melhorias, que possa ver atendidas suas reivindicações com presteza, sem
burocracias que não resolvem absolutamente nada.
Eu tenho certeza que Porto Alegre tem necessidade de no mínimo, 5 a 7
Centros Administrativos, que seria Sul, Norte, Leste, Oeste e também as Ilhas
de Porto Alegre, onde esses Centros Administrativos atenderiam diretamente a
população nas suas reivindicações mais imediatas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, pelo PCB.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu não poderia deixar passar desapercebido o 1° de Maio que ontem
foi comemorado. Embora o Ver. Pedro Ruas já tenha feito referências sobre essa
efeméride, embora seja mais para um registro nos Anais da Casa, do que para
analisar o 1° de Maio de 1988 em nosso Estado e em nosso País.
Os trabalhadores brasileiros estão, sobejamente, informados e padecem
na própria carne as injustiças que se cometem contra quem produz neste País.
Ontem foi, indiscutivelmente, o pior 1° de Maio que se comemorou no
Brasil em toda a sua história.
No Auditório Araújo Viana havia poucos trabalhadores presentes, até
porque o alto custo das passagens de ônibus impedem que aqueles, que pelo menos
tivessem a intenção de lá comparecer, pudessem fazê-lo completamente.
Várias violências foram denunciadas pelos oradores das diversas
entidades que por lá passaram, mas tive a oportunidade de dizer e repito, aqui,
agora, que a violência indiscriminada sobre as suas mais variadas formas é
inerente ao sistema capitalista e os trabalhadores brasileiros parece que,
lentamente, vão-se dando conta, de que é preciso mudar as estruturas deste
País. Passarmos efetivamente à construção de um mundo socialista no Brasil para
que essas violências sejam afastadas. É a violência salarial que se pratica
através do arrocho, tão bem enunciada aqui pelo Ver. Pedro Ruas. É o
desemprego, é a violência contra as crianças, é a violência contra os idosos,
contra os aposentados, é a falta de educação, é a falta de saúde e, sobretudo,
a falta de perspectiva que traz um desânimo imensurável a essa enorme massa de
brasileiros que se constituem justamente nos artífices da construção deste
País.
Milhões de brasileiros que trabalham estão sendo, diariamente,
violentados em seus direitos mínimos e é sobre isso que se pretendeu refletir
neste 1º de Maio, na necessidade da alteração das estruturas básicas deste
País. Não é possível mais continuar com a dominação de um número muito pequeno
de brasileiros sobre a imensa maioria deste País; cinco por cento dos cidadãos
deste País não podem mandar sobre os restantes 95% da população nacional. É
esta situação que tem que se corrigir. E não vamos nos iludir que um sistema
socialista de governo, um sistema socialista de sociedade vai se implantar
aqui, neste País, da noite para o dia. É um trabalho lento, de conscientização,
mas nós podemos batalhar imediatamente pelo restabelecimento do equilíbrio
entre o trabalho e o capital que, hoje, está absolutamente desequilibrado em
favor do capital. O trabalhador é um número nas estatísticas e como tal é
tratado. Esta situação tem que ser revertida e pode ser revertida. As centrais
sindicais ontem, aqui, pelo menos, em nossa cidade, deram uma demonstração de
unidade. O Ato convocado foi coopatrocinado pela CGT e pela CUT. É um bom
indício e é necessário que esta unidade se estabeleça o mais depressa possível,
porque a divisão só traz o prejuízo da classe operária brasileira.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, era este registro que eu queria fazer
em referência ao 1º de Maio, para que ele ficasse inscrito nos Anais da Casa.
Sobretudo, mais uma observação: é preciso modificarmos este clima de
descrédito, não com clima de otimismo ufanista, mas com clima de realismo. Está
nas nossas mãos reverter esta situação. Só a unidade dos trabalhadores, de toda
a população camponesa, das camadas médias assalariadas e todos aqueles que têm
boa vontade é que poderá reverter esta situação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adão
Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós assomamos à tribuna para fazer um registro que não tem muito a
ver com o Município,mas tem muito a ver com o Rio Grande. E como ninguém faz e
ninguém fez, ou não está atento para estas coisas, eu me proponho,
modestamente, dizer algumas palavras em torno do que está acontecendo com a
saúde pública em nosso Estado. Não é propriamente com a saúde pública, é com
relação ao IPE e aos hospitais.
Senhores, é incrível o que está se passando. Há poucos dias, eu tive
necessidade de baixar uma filha minha no Hospital Mãe de Deus. E o médico me
perguntou se era pelo IPE ou em caráter particular. Eu lhe respondi que era
pelo IPE. E ele me respondeu que não havia vagas. Então eu lhe perguntei: “E se
for em caráter particular?” Ele respondeu: “Aí tem.” Vejam os senhores que essa
instituição desconta dos vencimentos de todos os funcionários estaduais,
policiais, civis, militares. O IPE desconta 9% sobre os vencimentos, e nós não
temos mais o direito de baixarmos um parente no hospital, sob a égide do IPE.
De que nos adianta, então, pagarmos o IPE? O que adianta que mais de 200 mil
funcionários públicos, professores, funcionários em geral, tenham IPE?
Tomando conhecimento desse fato, pessoalmente, me deparando com o
problema, eu fui a alguns gabinetes de alguns comandantes de unidades da Brigada
Militar, porque eu não teria acesso a outros gabinetes de outras instituições,
então fui lá conversar com quem eu conheço, e fiquei sabendo que não é só na
Capital, mas em todo o interior do Estado, que está acontecendo isto. O soldado
bombeiro ou do policiamento, o funcionário da polícia civil, se tiver que
baixar no hospital tem que pagar, ou então conhecer alguém da direção do
hospital e já dar um golpe de amizade, para conseguir baixar o paciente, porque
o IPE está desacreditado. Eu não sei. Há poucos minutos estive-me informando e
me disseram que o IPE está pagando os hospitais, está cumprindo com o contrato.
Acontece que no contrato o IPE estipulou uma determinada importância e os
hospitais querem cobrar mais. Ora, se está acontecendo isto, então está na hora
de o IPE rever os contratos. Se o IPE está pagando pouco aos hospitais, enfim
para as várias atividades hospitalares, em relação aos pacientes associados do
IPE, está na hora de ser revisto este contrato, ser reavaliado porque não pode
acontecer. Agora, imaginem se a pessoa que chega a um hospital, como eu
cheguei, e não tem condições financeiras, econômicas de baixar, em caráter
particular, ele vai bater na Santa Casa, seja policial, seja civil, ou militar,
seja funcionário, seja professor, seja funcionário geral do Estado. Parece-me
que isso aí todo o mundo sabe, mas é incrível como não se fala, e como seria
bom, não que a imprensa divulgasse o meu discurso, mas que a imprensa
divulgasse alguma coisa nesse sentido, no sentido de dar cobertura aos
associados, aos contribuintes, para que essa situação se modifique; a imprensa
tem muita força, não estou, em absoluto, pedindo que publiquem o meu discurso,
mas que saia algo sobre o assunto, porque são milhares de pessoas, de
funcionários públicos que estão se vendo na contingência de adotarem outras
medidas, medidas urgentes, sacrificadas para poderem baixar um parente, ou para
si mesmo, num hospital que tenha convênio com o IPE. Se isso tudo é verdadeiro,
também se sabe que o Governo do Estado, quando a gente se queixa ao Diretor do
hospital, o IPE, não está cumprindo com seus compromissos; em última análise, o
Governo do Estado desconta do contribuinte e não repassa os benefícios para os
mesmos contribuintes. Alguma medida tem que ser tomada, isso não pode
continuar, é um desconto de 9%, é muita coisa, para que se tenha que procurar
outros recursos, no momento em que mais se precisa dos recursos que o IPE
poderia proporcionar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes
Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, isto não é nada, Ver. Adão Eliseu, eu li estes dias no Jornal da
UGM, porque eu leio tudo quanto é jornal. Me mandou o jornal eu leio. Eu estava
lendo estes dias que um Inspetor de Polícia, se não me engano da Cidade de
Guaíba, numa diligência policial levou um tiro de um marginal e foi
hospitalizado e a conta chegou a 3 milhões de cruzados. E depois parece que de
um ano e meio de luta da entidade, o IPE ressarciu 800 e poucos mil cruzados.
Quer dizer, é vergonhosa, é vexatória a situação por qual passam os
funcionários públicos estaduais. Aliás, em relação a este aspecto, o PMDB
conseguiu terminar até com o IPE, que é uma coisa que tinha dado certo.
O Sr. Adão Eliseu: Isto aconteceu com um
bombeiro que no exercício de sua função, lesionou-se, foi atendido, necessitava
ficar baixado e não conseguiu baixa hospitalar.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, eu vim à
tribuna para falar, também, sobre o 1º de Maio. Ontem a televisão mostrou a
pomposidade das comemorações do 1º de Maio na União Soviética com aqueles
desfiles maravilhosos, bonitos, aquele pessoal de vermelho, aquelas moças
lindas de pernas de fora, desfilando. Um espetáculo verdadeiramente maravilhoso,
de encher os olhos. E num palanque, lá, no mausoléu Lênin, Gorbatchev, com a
sua Perestroika, que segundo o comentarista da televisão, com alguns
oposicionistas do lado, porque ele também anda vendo a coisa preta por aquele
lado, em função das suas idéias políticas, mas eu não vi nenhuma notícia sobre
a comemoração do primeiro de maio no Japão, e vi notícia sobre a comemoração do
1º de Maio no Rio Grande do Sul, no Brasil, na Polônia e é engraçado, porque
será que não noticiaram a comemoração do 1º de Maio no Japão? Bom, comecei a
pensar, a “Zero Hora” de ontem publica no Caderno D, dedicado ao 1º de Maio, na
página central, e tem um artigo na página central, em que o Jornalista
conhecido desta Casa, Danilo Ucha, Cidadão de Porto Alegre, que esteve no Japão
falando sobre o nível de vida do trabalhador japonês. Confesso que foi de lavar
a alma aquela reportagem, que para aqueles que vivem arrotando que só o
Socialismo vai resolver os problemas do mundo, o Japão dá uma demonstração
clara que o equilíbrio entre o capital e o trabalho pode ser feito. E o homem
pode chegar a um nível de vida dentro do regime da livre iniciativa. Dizia ali
o Jornalista que o trabalhador médio japonês possui uma caderneta de poupança o
equivalente a seis milhões de cruzados, e que o governo japonês não sabendo
mais o que fazer com isto, porque está gerando um excesso de liquidez, vai
começar a cobrar impostos sobre a poupança do trabalhador japonês. E aqui é
trabalhador mesmo, não é o executivo, é o operário. Ele mostrava exemplos da
produtividade japonesa e deixava as pessoas com água na boca. Que bom que ainda
se vêem notícias de um país onde impera a livre iniciativa e onde mostra que o
equilíbrio capital-trabalho pode ser atingido. Porque nosso mais grave problema
no terceiro mundo é uma radicalização dos dois lados. Uns acham que só a
socialização vai resolver, outros acham que deve permanecer esse capitalismo
selvagem, que não quer dar ao trabalhador o mínimo que lhe proporcione uma vida
digna. Que mirem-se, pois, os políticos brasileiros no exemplo japonês, que vem
única e exclusivamente do esforço, da dedicação, do trabalho de um povo que
soube educar os seus filhos, que é fundamental, soube empregar os seus filhos,
e soube, sobretudo, assimilar a lição de que trabalhador bem pago, que, aliás,
o velho Henry Ford, em 1900 dizia: “Se o meu operário for bem pago terei para
quem vender o meu automóvel.” E até há poucos anos, não sei se continua a
tradição, todos automóveis de uma nova linha lançados pela Ford americana eram
vendidos inicialmente para os empregados, pois vinha do Henry Ford aquela idéia
de favorecer seus empregados.
Então, com todo respeito que me merecem os socialistas da Casa, hoje
aproveitei, lembrando do exemplo japonês, que não mereceu nas emissoras de
televisão comentário sobre a comemoração sobre o Dia do Trabalho, acho que eles
teriam o que comemorar, mas preferiram mostrar aquele belíssimo festival na
União Soviética, na Polônia aquelas brigas, no Brasil quebrou o pau, com o
perdão da má palavra, entre integralistas e cutistas e imaginei que hoje alguém
iria vociferar contra os integralistas, não vejo o porquê, não sou
integralista, mas acho que toda ação gera uma reação. Na verdade, isso que está
acontecendo lá é fruto de uma reação que começa a surgir. Mas concluo na
esperança de que os políticos brasileiros mirem-se no exemplo japonês e que os
nossos socialistas da Casa também mirem-se no exemplo japonês e vejam que,
realmente, o homem precisa de dignidade manifestada através de meios decentes
de viver. Depois disso aí, ele precisa ter uma mola propulsora que lhe faça
querer subir na vida, aumentando a sua produtividade, melhorando o nível dos
seus produtos e, conseqüentemente, dando mais lucro à sua empresa, porque
quanto mais lucro tiver a sua empresa, mais benefício ele terá, mas não naquela
visão de alguns capitalistas arraigados também aqui, de que tudo para o
empresário e nada para o trabalhador. Assim, realmente, nós vamos continuar
nesse eterno dilema no Terceiro Mundo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JORGE GOULARTE
(Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de “quorum” e, na falta deste, o
registro dos Vereadores presentes.
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): Há
oito Vereadores presentes em Plenário. Portanto, não há “quorum”. Registramos
as presenças dos Srs. Vereadores Adão Eliseu, Raul Casa, Jorge Goularte, Luiz
Braz, Lauro Hagemann, Flávio Coulon e Hermes Dutra, e convocamos os Srs.
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.
(Levanta-se a Sessão às 16h53min.)
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